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Reflexões sobre a Lei de Adoração

Autora: Teresinha Olivier

Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade – João 4:21-24

A ação de adorar a Deus, nas inúmeras crenças religiosas, sempre teve um caráter ritualístico, exterior, dependente de fórmulas, preces decoradas, posturas físicas, imagens, cerimônias, sacrifícios e templos religiosos.

A forma de adorar a Deus que desde a antiguidade se pratica é prestar algum tipo de homenagem para agradá-lo. Como se dá ao Criador os mesmos sentimentos dos homens, acha-se que ele fica satisfeito com as homenagens e sacrifícios. Isso se perpetuou ao longo dos milênios e até hoje existe a mentalidade de que Deus se ofende, se alegra, fica triste, fica revoltado, que gosta disso ou não gosta daquilo. As religiões contribuíram muito para que essa mentalidade persistisse até hoje.

Isto porque o Homem em todos os tempos adorou o que não conhecia, segundo as palavras de Jesus. Adorou e adora sem ter conhecimento da verdadeira natureza de Deus. Representando Deus com características humanas, para cultuá-lo usava, e ainda usa, de aparatos materiais, que impressionam os sentidos físicos. Apesar de Jesus ter deixado bem claro que Deus “procura” ser adorado em espírito e verdade, as religiões, de forma geral, ainda se prendem às práticas exteriores no que se refere à adoração.

A vontade de Deus está expressa nas suas leis e a expressão o Pai “procura” ser adorado em espírito e verdade ou, como se encontra em outras traduções o Pai “deseja”, entendemos da seguinte forma:

Pela lei de evolução criada por Deus, todos os espíritos, à medida em que forem evoluindo, irão compreendendo melhor a natureza do Criador e, naturalmente, irão se libertando dos aparatos materiais, e sua relação com a divindade vai se tornando cada vez mais espiritual. A essência divina nada tem de material e importa que aprendamos a adorá-lo em nossa essência, que também não é material. Importa adorá-lo no íntimo do nosso ser. Essa será uma consequência natural da lei de evolução, criada por Deus.

Em O Livro dos Espíritos, questão 649, vemos que a adoração consiste em “elevar o pensamento a Deus”.

E na questão 654 vemos: “Deus prefere os que O adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, aos que julgam honrá-Lo com cerimônias que os não tornam melhores para com os seus semelhantes”.

 Analisando essas duas questões, entendemos que, cultivando pensamentos e sentimentos elevados e procurando harmonizar nosso comportamento perante a vida e perante o próximo com as Leis Divinas, fazendo o bem e evitando o mal, nos tornando melhores para com os nossos semelhantes, estaremos evoluindo, crescendo como Espíritos imortais, portanto, estaremos adorando a Deus em espírito e verdade, porque estaremos cumprindo aquilo para o qual Ele nos criou, usando a nossa vontade.

Na realidade, Deus não precisa de adoração. Nós é que precisamos desenvolver o sentimento e a consciência de um poder supremo, que é nosso criador, mas de uma forma lógica, racional, porque assim vamos, gradativamente, nos situando na existência com a consciência de que somos o princípio inteligente do Universo, de pertencermos à humanidade cósmica e de termos em nós os potenciais de perfeição, que estamos desenvolvendo.

Ainda não alcançamos a compreensão da natureza íntima de Deus, muito nos falta para isso. Porém, com os ensinamentos da Doutrina Espírita sabemos que Ele não pode ser aquilo que vimos aprendendo ao longo dos milênios. Allan Kardec, com base nas orientações dos Espíritos da codificação, levantou uma ponta do véu e podemos perceber um pouco mais sobre o Criador.

Já podemos compreender que Deus pode ser adorado na intimidade de cada um, no sentimento mais profundo de respeito e amor, baseado no conhecimento progressivo de sua verdadeira natureza;

Pode ser adorado pela gradativa compreensão e aceitação de suas leis, que regem as nossas existências;

Pode ser adorado com a gradativa harmonização dos nossos pensamentos, sentimentos, palavras e atitudes a essas leis;

Compreendendo e aceitando que essas leis determinam que depende das nossas decisões e escolhas a nossa felicidade ou infelicidade futuras;

Podemos compreender que “adorar a Deus em espírito e verdade” é desenvolver em nós o sentimento e o desejo do bem;

É nos reconhecermos como Espíritos imortais em evolução, e que o objetivo primordial das nossas existências é trabalharmos essa evolução, que é tanto moral como intelectual;

É também vendo no próximo, seja ele quem for, um Espírito, que como nós, também está em busca do seu crescimento espiritual, consciente ou inconscientemente;

Adorar a Deus em espírito e verdade é nos dedicarmos, no dia a dia, sinceramente e humildemente, a essa conquista, buscando o autoconhecimento e nos melhorando naquilo que for necessário;

Assim estaremos cumprindo, de forma cada vez mais consciente, o nosso papel como filhos de Deus.

Dica

A autora participa semanalmente dos grupos de estudos online, abaixo. Se tiver interesse em participar também, são abertos para todos os públicos.

Reuniões: Estudo do livro O Céu e o Inferno (primeira edição autêntica)

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