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Sonho ou ilusão

Autor: Joelson Pessoa

Por definição os sonhos são metas que almejamos alcançar e que estão algo distantes de nós. A realização de um sonho é a vitória que coroa o trabalho, que paga o sacrifício e recompensa a dedicação, às vezes, de uma existência inteira. Sustenta a convicção íntima de que a vida valeu a pena.

Entretanto, como os nossos sonhos constituem-se frequentemente de elevadas expectativas, frustramo-nos redondamente quando não os concretizamos.

Tantas vezes, aquilo que um dia foi um sonho encantado, revela-se posteriormente uma dolorosa desilusão. Ilusões nunca se confirmam. Temos Sonhos ou ilusões? Como distingui-los?

O materialismo, atualmente personificado no consumismo e no sensualismo governa a nossa mente e impõe a sua proposta de felicidade: Ter! Ter para ostentar: roupas e acessórios de griffe para apresentar valor (exterior), celulares e computadores de última geração para estar atualizado (culturalmente?); automóvel para conquistar uma namorada bonita (e oportunista), dinheiro para frequentar freneticamente as casas noturnas, beber e fazer um grupo legal de amigos (interesseiros), modelar exageradamente o corpo para exibição pública e com isso disputar a “honrosa” posição de símbolo sexual no circulo de relacionamentos (até ser desbancado por outro corpo melhor), a busca inquietante pela beleza perfeita e assim ter a admiração alheia.

Essa é a nossa mentalidade no presente. Desejando a aquisição dos bens de consumo acima e de outros mais, comprometemos as nossas possibilidades de felicidade ainda na juventude. Visando a ilusão do status, sacrificamos a própria vocação inata e buscamos nos profissionalizar em uma área estranha às nossas habilidades, por prometerem maiores chances de enriquecimento ou de prestígio social.

Neste momento, quanta gente, desorientada, está substituindo os seus sonhos por uma ilusão:

Ali está uma moça que abandonou o homem amado para acompanhar alguém que a seduziu com presentes caros e promessas fantasiosas. Acolá segue um rapaz que opta por relações sexuais casuais a ter um compromisso afetivo. Mais além depararemos com jovens recorrendo à embriaguez, na tentativa de experimentarem alegria. Quanta gente com dificuldade de convivência consome horas na internet, numa tentativa estéril de fugir da solidão…

Como distinguir então os sonhos, das ilusões poder-se-ia indagar. Com o exercício do Autoconhecimento responderemos.

É neste contexto que o Espiritismo aparece como importante instrumento prático a favor da nossa felicidade.

O espírita, quando dotado do autoconhecimento é consciente da sua imortalidade; pela maneira como vive a vida atual, entrevê naturalmente a sua vida futura; tem a intuição dos compromissos que lhe cabe executar nesta existência; observa os meios que pode empregar para se tornar alguém melhor e, por haver alcançado esse estado de consciência, experimenta com maior angústia o vazio de uma vida materialista, evitando-a, aprende a selecionar metas pessoais mais afinadas com a sua alma, escuta melhor o seu coração.

Todos nós fizemos planos antes de reencarnarmos. O que teríamos estabelecido para esta encarnação? Teríamos priorizado viver para ter um corpo sarado? Ou para possuir um carro? Para morar num apartamento em determinado bairro ou ter “x” de salário?

Todos nós renascemos na Terra, imbuídos dos mais belos sonhos, aos quais devemos aplicar o melhor de nossas capacidades. De maneira geral nós partilhamos um sonho comum, o de Ser Feliz, e, com o Espiritismo, estamos aprendendo harmonizar a busca pela felicidade com a moral cristã, porém a realização deste sonho aponta caminhos exclusivos para cada indivíduo, caminhos

Que o centro espírita, na pessoa dos seus educadores, ofereça atividades combinadas a métodos que otimizem o auto-conhecimento, para que o estudante da doutrina espírita vá além da simples memorização das teorias básicas, mas que possa ser estimulado a desiludir-se do materialismo e, sensibilizado, possa reencontrar-se com os sonhos que traz consigo n‘alma.

O Espírito Ermance Dufaux pede a nossa atenção para este aspecto da rotina de nossas reuniões de estudos espíritas:

“Precisamos dar encanto aos nossos grupos. Encanto esse, acima de tudo, na vida interpessoal dispondo-nos ao cultivo da ternura, do respeito e carinho para que, antes do sonho, o ser sofrido e em provação, resgate a confiança no outro, reavivando suas sucumbidas esperanças nos valores humanos cristãos e renovando suas crenas falidas no amor e na felicidade”. (1)

Em face dos obstáculos que ameaçarão a nossa confiança, extrairemos de nós mesmos a força interior que nos dará a coragem moral para superá-los, por mais difíceis que pareçam. Quem, a 25 anos atrás, poderia acreditar que aquele metalúrgico sonhador, sem sobrenome e sem instrução, chegaria de fato à presidência do país?

Identificar os nossos sonhos, descobrir as nossas competências para torná-los possíveis e acreditar nelas, trabalhar, falhar, cair, levantar, readequar as nossas estratégias e então, recomeçar. Quem desiste de sonhar vive sem viver.

Amigo leitor, deixe-me saber:

Quais são os teus sonhos?

1 – Laços de Afeto, 2a parte, capítulo 11

Fala MEU! Edição 62, ano 2008

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