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Um pouco de lucidez na educação

Autor: Marcus De Mario

Os professores estão tão acostumados a seguir padrões, a receber quase tudo pronto, tudo formatado com ares científicos, que perderam o mais importante em sua ação: pensar, questionar, refletir, indagar. O tempo de aula é 50 minutos. Por quê? Onde está a fundamentação pedagógica disso? O currículo da disciplina é este. Quem elaborou? Por que elaborou? Será que é o que interessa para o aluno? O professor ensina e o aluno aprende. O papel do professor é ensinar ou estimular o aluno em sua aprendizagem? E o professor também deve se perguntar: Por que existe aula? O que é pedagogia? Existe o melhor método e a melhor didática? E assim por diante.

Educar é fazer pensar, é permitir que a criança e o jovem desenvolvam com autonomia o processo de aprendizagem, é respeitar o ritmo de cada aluno. O trabalho na escola é fazer com que o aluno acumule conhecimentos, ou seja preparado para a vida?

As perguntas inquietam e têm o dom de não permitir acomodação numa zona de conforto. O professor deve seguir um currículo previamente preparado, ou deve trabalhar levando em conta a inspiração, a criatividade e a vida? É possível conciliar essas duas coisas? Como?

Muitas coisas realizadas pelo professor na escola podem ser questionadas. Não é porque sempre foi assim que é uma verdade imutável. Os tempos passam, novas descobertas científicas surgem, a psicologia do desenvolvimento da criança avança, a tecnologia da informação nos leva a outros campos do conhecimento. Por que a escola fica parada na formatação tradicional de carteiras enfileiradas, professores que ensinam e avaliações por provas e notas?

Será que o professor pode sonhar, como propõe Rubem Alves?

Todo jardim começa com um sonho de amor. Antes que qualquer árvore seja plantada ou qualquer lago seja construído, é preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma. Quem não tem jardins por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles…

Ou como poetisa Ariano Suassuna?

Não sou nem otimista, nem pessimista. Os otimistas são ingênuos, e os pessimistas amargos. Sou um realista esperançoso. Sou um homem da esperança. Sei que é para um futuro muito longínquo. Sonho com o dia em que o sol de Deus vai espalhar justiça pelo mundo todo.

E por que não?

Por que o professorado perdeu a capacidade de sonhar, poetisar, criar, inovar, fazer diferente? De procurar as fundamentações científicas da educação para sair da mesmice de repetir procedimentos, sem saber porque?

Um pouco de lucidez não vai fazer mal a ninguém, pelo contrário, vai fazer luz na pedagogia, na metodologia, na didática, na escola, enfim, na educação.

Quando o professor vai entender que a educação não se resume em ensinar conteúdos curriculares, mas preparar para a vida?

É um sonho distante? Tudo bem. Melhor ser um realista esperançoso e sonhador de jardins floridos, do que um burocrata exterminador da educação, que faz da escola um monstro devorador de alunos.

É assim que devemos seguir em frente, com nossas loucas ideias de educação transformadora, escola inovadora e ensino humanizado.

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