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Cigarra morta

Autora: Cármen Cinira (espírito)

*

Chamam-me agora aí

Cigarra morta,

E não podia haver melhor definição,

Porque caí estonteada à porta

Do castelo em ruínas,

Do desencanto e da desilusão!…

*

Minhas futilidades pequeninas…

Meus grandes desenganos…

Eu mesma inda não sei

Se é ventura morrer na flor dos anos…

Sei apenas que choro

O tempo que perdi,

Cantando em demasia a carne inutilmente;

E vivo aqui, somente,

De quanto idealizei

De belo, de perfeito, grande e santo,

Que inda hei de realizar

Com a rima do meu verso e a gota do meu pranto.

*

Dá-me força, Senhor,

Para concretizar meu anseio de amor:

Evita-me a saudade

Da minha improdutiva mocidade!

Eu não quero sentir,

Como cigarra que era,

A falta das canículas doiradas

Sob a luz de ridente primavera.

Já que tombei cansada de cantar,

Calando amargamente,

Perdoa, Deus de Amor, o meu pecado:

Que eu olvide a cigarra do passado,

Para ser uma abelha previdente.

Nota

A poesia acima, psicografada por Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo

Obra completa: https://www.febeditora.com.br/parnaso-de-alem-tumulo

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