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E se diminuir a idade?

Autor: Marcus de Mario

Continuam as mídias de comunicação a publicar reportagens e notícias sobre violência dentro das escolas, assim como violência praticada por menores de idade na sociedade e, diante disso, temos os que são adeptos da diminuição da idade penal para 16 anos (algumas pessoas pensam em 14 anos). Será que isso é solução? Será que levar para a prisão os adolescentes resolve o problema da violência e da criminalidade?

Lendo o educador italiano Franco Cambi, encontramos um pensamento merecedor de sérias reflexões, e que tem tudo a ver com essa questão:

A família, em qualquer sociedade, é o primeiro lugar de socialização do indivíduo, onde ele aprende a reconhecer a si e aos outros, a comunicar e a falar, onde depois aprende comportamentos, regras, sistemas de valores, concepções do mundo. A família é o primeiro regulador da identidade física, psicológica e cultural do indivíduo e age sobre ele por meio de uma fortíssima ação ideológica

Perguntamos: o que a família está fazendo com a educação dos seus filhos? Que formação física, psicológica e cultural está dando para a novas geração que diariamente é lançada na sociedade?

O papel essencial da família na educação das crianças e dos jovens precisa ser reavaliado, assim como sua interação com a escola que, por sua vez, precisa repensar sua dinâmica, sua finalidade e sua integração com a vida, mas o nosso foco neste texto é a família e não a escola.

A família é a primeira escola do indivíduo. É no seio familiar onde a criança aprende não apenas a andar, falar, brincar, mas aprende valores, comportamentos, ideais, absorvidos dos ensinos e dos exemplos dos pais ou responsáveis. Mesmo indo para a escola formal, a criança retorna para a família, onde dá continuidade aos seus aprendizados e ao seu crescimento físico e psicológico. A família é sua escola para o resto da vida.

Que indivíduos a família está formando?

Indivíduos cooperativos, solidários, éticos, responsáveis, cumpridores dos seus deveres, com pensamento no bem coletivo, ou indivíduos egoístas, indiferentes, violentos, voltados apenas para si mesmos?

Podemos reduzir a idade penal para a idade que quisermos e o problema da violência e da criminalidade continuará, pois não é a cadeia, a penitenciária, que irá corrigir a deseducação propiciada atualmente pela família, com suas honrosas e necessárias exceções.

O problema é de educação, não é de segurança pública ou de justiça. Estas atuam combatendo os efeitos, mas não alcançam as causas. Somente a educação alcança a raiz do problema e tem o poder de corrigir os desvios hoje existentes na formação das crianças e dos jovens.

Quando aprendermos a dar o devido valor à família na sua missão de educar, entendendo-se essa educação como formação física, psicológica e cultural de que nos fala Cambi e, indo ainda mais longe, como formação moral, do caráter, começaremos a corrigir esses desvios da juventude e, então, não necessitaremos de leis mais rígidas nem de construção de mais prisões.

Felizmente já temos muitos que assim entendem e estão trabalhando pela melhor educação das crianças e dos jovens, apoiando a família que, apesar de todos os problemas que enfrenta, continua a ser a melhor escola, a escola essencial na formação dos indivíduos.

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