Allan Kardec: 221 anos do nascimento do codificador do Espiritismo

Autor: Felipe Gallesco

Em uma noite de outono francês, em 3 de outubro de 1804, nasceu em Lyon um menino com nome longo (como se fosse uma equação), Hippolyte Léon Denizard Rivail — mas quem diria que ele viria a se tornar Allan Kardec, o nome que muitos conhecem hoje. Filho de Jean-Baptiste Antoine Rivail, juiz, e Jeanne Louise Duhamel, sua mãe, ele cresceu cercado por tradição, expectativas e, claro, muitas possibilidades.

Desde cedo, Rivail mostrou que não seria apenas mais um rosto entre os sujeitos de Lyon: sua curiosidade desviava-se das rotas comuns, e ele foi enviado para estudar na Suíça, no Instituto de Yverdon, dirigido por Pestalozzi, um pedagogo que acredita que educar é iluminar a mente e abrir a alma — e Rivail ali aprendeu que ensinar não é encher balde, mas acender fogo.

Ao longo da vida, ele traduziu, escreveu, ensinou, fundou escolas; queria que cada mente tivesse não só o saber, mas a liberdade de questionar, de duvidar, de sentir. Também viveu momentos em que a espiritualidade bateu à porta de formas que muitos desprezavam: mesas que giravam, fenômenos que pareciam brincadeira, ou superstição — mas Rivail aplicava o que tinha de melhor: método, observação, comparação, sempre buscando coerência, sempre buscando luz.

Quando já não era tão jovem, ele decidiu usar um nome novo para esse trabalho especial: Allan Kardec. Não para se esconder, mas para marcar que aquilo que vinha dele — a codificação espírita, os livros, os ensinamentos — fosse percebido sob uma nova luz, uma lente que unisse razão, moralidade e espiritualidade.

Kardec faleceu em Paris em 31 de março de 1869, mas deixou sementes que germinam até hoje. Não porque ele tenha oferecido respostas fáceis — ele sabia que o mundo precisa de questionamentos —, mas porque plantou esperança. A esperança de que podemos caminhar com os pés firmes na ciência e com o coração aberto à espiritualidade; de que ética, caridade e responsabilidade não são ideias românticas, mas fundamentos concretos para construirmos uma convivência mais humana.

Celebrar o nascimento de Allan Kardec é, então, mais que rememorar uma data: é lembrar que cada um de nós carrega a vocação de educador de si mesmo, de semeador de verdades e de compaixão. Que possamos aprender com sua vida que a luz que buscamos muitas vezes está no equilíbrio entre o que pensamos e o que sentimos, entre o que estudamos e o que praticamos; que, mesmo nas noites mais sombrias, há estrelas — e que cada ato de bondade, cada gesto de solidariedade, cada busca sincera, acende uma delas.

Porque, afinal, acredito que Allan Kardec nos ensina que fé é confiar sem ver, sim — mas também é coragem para enfrentar a razão de frente, é vontade de crescer, é estrada de mãos dadas com o próximo. E se, de vez em quando, rirmos de nossas dúvidas, que seja com leveza, pois rir é também maneira de iluminar.

Parabéns ao homem que escolheu ensinar o invisível com clareza, despertar consciências com lógica e acender esperanças com amor.

Referências

GEAE – Grupo de Estudos Avançados Espíritas. Allan Kardec – Biografia. Disponível em: https://www.geae-es.org.br. Acesso em: 3 out. 2025.

GE Fabiano de Cristo. História de Allan Kardec. Disponível em: https://www.gefabianodecristo.org.br. Acesso em: 3 out. 2025.

WIKIPEDIA. Allan Kardec. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Allan_Kardec. Acesso em: 3 out. 2025.

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