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Brigas dos pais afetam as crianças

Autora: Eugênia Pickina

Tudo na vida é difícil, desde que a compreensão e a boa vontade não sejam utilizadas

François Rabelais

Brigas domésticas podem impactar a vida das crianças. Em outros termos, crianças que veem brigas frequentes são mais ansiosas e apresentam, por exemplo, sentimento de culpa, agressividade, insegurança, dificuldade para se relacionar com outras pessoas.

Obviamente, conviver sem conflitos é um ideal inalcançável. Mas é o excesso de conflitos ou a maneira como os adultos lidam com os conflitos que gera medo, insegurança, infelicidade nas crianças. Se, ao contrário, forem conflitos que tenham como sentido resolver problemas comuns, o efeito é produtivo…

O mais importante é justamente o casal buscar manter o respeito e o diálogo quando ocorrerem os conflitos, evitando, se for possível, brigar na frente dos filhos. Entretanto, se a briga ocorreu, não adianta esconder as coisas ou querer fingir que está tudo bem. As crianças são muito perceptivas e omitir ou mentir sobre uma situação acaba sendo pior. Honestidade e respeito à idade da criança sempre orienta o relacionamento familiar – nas horas boas e nas horas difíceis.

Através de minha própria família e, ainda, acompanhando famílias, percebo que é muito apropriado mostrar para os filhos que mesmo pessoas que se gostam podem desentender-se. Além disso, é essencial não aceitar ou normalizar comportamentos violentos.

No dia a dia, os pais têm a tarefa de construir em casa uma cultura de compreensão, paz e tolerância.  Apesar das dissonâncias, ninguém é melhor que ninguém, somos todos humanos e estamos juntos, como família, buscando construir um mundo mais pacífico, mais justo, mais tolerante, onde a prática da compreensão precisa superar muitas vezes nosso desejo de “estar certo”…

Nas horas difíceis, quando o casal percebe a própria dissonância, é sempre prudente recordar que o bem-estar dos filhos deve estar acima de qualquer coisa e, por isso, o respeito, a paciência, a disponibilidade para o diálogo ajudam a frear os excessos e as atitudes violentas, que só causam feridas emocionais…

Mas, se um lar deve ser um ambiente de amor e afeto, isso significa que ele deve ser isento de desentendimentos? É claro que não. Discutidas e resolvidas as diferenças de opiniões com maturidade pelo casal, atitudes e pensamentos discordantes são saudáveis para toda a família, pois é através dessas diferenças que nos esforçamos para nos colocar no lugar do outro, desenvolvendo empatia, paciência, espírito cooperativo e, desse modo, conseguirmos crescer e avançar como família.

Notinhas

A postura dos pais é uma didática viva de como viver e conviver. As famílias nas quais as interações se dão norteadas por brigas, gritos e agressões expressam o modelo de uma afetividade tóxica e isso, por sua vez, revela um investimento de energia afetiva que faz mal, pois não comunica aconchego, gerando desconfiança e insegurança, fomentando na criança um contínuo estado de alerta.

Na hora em que os nervos estão à flor da pele não é fácil se controlar para evitar uma briga. Caso ela aconteça na frente dos filhos, a melhor postura é aproveitar a oportunidade para ensinar a eles o que se deve fazer depois que alguém comete um erro, briga e desrespeita o outro. Ou seja, é preciso mostrar que houve aceitação/entendimento sobre o próprio erro, manifestar o arrependimento (sincero), estando disposto a pedir perdão e reparar o dano causado.

O consolador – Ano 15 – N 763 – Artigos

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