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Música dá alegria e vida a todas as coisas

Autor: Jorge Hessen

Em interessante estudo realizado pela pesquisadora Márcia Capella, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, coordenadora do Programa de Oncobiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a cientista expôs por 30 minutos uma cultura de células MCF-7 (vinculadas ao câncer de mama) à série harmônica do primeiro movimento da “Quinta Sinfonia” de Beethoven (1) e observou que 20% delas morreram. A experiência pode abrir uma nova frente de combate contra o câncer, por meio de timbres e frequências sonoras. De forma inusitada, o estudo inovou ao utilizar a música como elemento terapêutico à margem do tratamento de distúrbios emocionais. A composição “Atmosphères”, do húngaro György Ligeti, também provocou efeitos semelhantes àqueles registrados com a “Quinta Sinfonia”.

Sabe-se hoje que o efeito das músicas extrapola o componente emocional. Márcia afirma que a música produz um efeito concreto sobre as células físicas, tanto nas alterações metabólicas quanto na morte de células cancerígenas. Para a pesquisadora, quando se conseguir identificar o que anulou a vitalidade das células renais e tumorais expostas à música, poderá ser construído um mapeamento para sequência sonora especial para o tratamento de tumores.

Para muitos estudiosos a música é a ciência das medidas, da modulação, razão pela qual concebe-se que as séries harmônicas comandem a ordem do cosmo, a ordem humana e a ordem Instrumental. Os historiadores louvam a Pitágoras, que inventou um monocórdio para determinar matematicamente as relações dos sons. Ela [música] será “a arte de atingir a perfeição”. (2) Há uma curiosa teoria na física, ainda não conclusiva, que diz que as partículas primordiais são formadas por energia (não necessariamente um tipo específico de energia, como a elétrica ou nuclear) que, vibrando em diferentes tons, formaria diferentes partículas. De acordo com a teoria, todas as partículas que eram consideradas como elementares, como os quarks e os elétrons, são na realidade filamentos unidimensionais vibrantes, a que os físicos deram o nome de Teoria das Cordas.

Sabe-se hoje que há intervenção das notas musicais nas moléculas da água. No livro “As Mensagens da Água”, Massaro Emoto demonstra o resultado de sua pesquisa em que as moléculas da água são profundamente alteradas da sua forma utilizando da técnica de ressonância. Em seus experimentos, conseguiu identificar como a água é influenciada por alguns fatores, como a música por exemplo, que pode alterar sua estrutura molecular. (3)

A música é um invento antiquíssimo. Entre os gregos, atribui-se sua invenção a Apolo, a Cadmo, a Orfeu e a Anfião. Entre os egípcios, a Tot ou a Osíris; entre os judeus, a Jubal. Em torno do ano de 2.697 a.C., entre os celtas, a música tradicional se tocava na harpa, sendo os sopros reservados para a diversão e a guerra. Sabe-se que Saul, em suas crises nervosas, chamava Davi, que através dos sons de sua harpa acalmava a irritação do monarca. A tradição cristã reteve grande parte do simbolismo de Pitágoras, interpretado por Santo Agostinho e por Boelcius.

“Na idade média, pode-se ver o homem voltado para Deus e a música é um instrumento de fé. O cristianismo trouxe ao homem um mundo que ele desconhecia. Movidos por essa nova visão, os primeiros cristãos criaram sua própria característica musical.” (4) Atualmente a ciência, sobretudo no campo da medicina e da psicologia, vem redescobrindo verdades e conhecimentos que os antigos sábios detinham sobre o poder oculto da música. Ela pode influenciar no comportamento de toda uma nação, como por exemplo ocorreu com o rei George III, na Abadia de Westminster, durante uma apresentação de Handel. A certa altura da apresentação da obra O Messias (o coro da Aleluia), o rei se pôs em pé, sinal para que todo o público se levantasse. Ele estava chorando. Nada jamais o comovera tão vigorosamente. Dir-se-ia um grande ato de assentimento nacional às verdades fundamentais da religião.

Em contatos com Allan Kardec, nas reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, o Espírito do músico e compositor clássico Gioachino Rossini, por solicitação do codificador, falou sobre alguns aspectos espirituais da música e sua influência no comportamento humano. O Espírito propõe um novo conceito sobre a expressão harmonia, comparando-a com a luz. Para ele, ambas são uma espécie de sentidos íntimos da alma, estados transcendentes do ser. Rossini afirma que “a harmonia, a ciência e a virtude são as três grandes concepções do Espírito: a primeira o arrebata, a segunda o esclarece, a terceira o eleva. Possuídas em toda a plenitude, elas se confundem e constituem a pureza”. (5)

Na Revista Espírita, de maio de 1858, Kardec entrevista o compositor Mozart, que declarou o seguinte: “quando estou em boas disposições e inteiramente só, durante o meu passeio, os pensamentos musicais me vêm com abundância. Ignoro donde procedem esses pensamentos e como me chegam; nisso não tenho a mínima vontade, a menor intervenção. Habitante do planeta Júpiter, o genial músico revelou: “Onde habito, há melodia em toda parte: no murmúrio das águas, no ciciar das folhas, no canto dos ventos; as flores rumorejam e cantam”.

Os Benfeitores espirituais fazem referência aos encantos da música celeste, praticada nas esferas espirituais elevadas, como sendo “tudo o que de mais belo e delicado pode a imaginação espiritual conceber”. (6) Poetas afirmam que é com a música que fazem as suas declarações de amor o rouxinol e o grilo, a cigarra, o golfinho, o cisne e a águia. Aldous Huxley disse que “depois do silêncio, aquilo que mais aproximadamente exprime o inexprimível é a música”.

O Espírito André Luiz narra no livro Nosso Lar que o “Governador da Colônia Espiritual determina a utilização da música, a fim de intensificar o rendimento do serviço, em todos os setores de esforço construtivo”. (7) O livro revela o Campo da Música, em cujas extremidades há melodia para todos os gostos. Impera, porém, no centro, a música universal e divina, a arte santificada por excelência, que atrai multidões de Espíritos, ao contrário do que se verifica na Terra. Descreve um gracioso coreto (um corpo orquestral de reduzidas figuras) que executa música ligeira”. (8)

Os antepassados ensinavam que a música é uma lei moral. Dá alma ao universo, asas ao pensamento, saída à imaginação, encanto à tristeza, alegria e vida a todas as coisas. É a essência da ordem, e eleva em direção a tudo o que é bom, justo e belo, e do qual ela é a forma invisível, mas, no entanto, deslumbrante, apaixonada, eterna.

“Assim como a arte cristã sucedeu a arte pagã, transformando-a, a arte espírita será o complemento e a transformação da arte cristã.” (9) Plenamente justificada, então, a utilização da música, em qualquer de suas manifestações, desde que consonante com os objetivos superiores a que nos dediquemos, notadamente no ambiente espírita, sejam resguardadas as devidas cautelas na seleção das melodias a serem entoadas, de modo a conduzir a um clima mental satisfatório, tanto os desencarnados quanto os encarnados, no que tange aos ajustes harmônicos das forças psíquicas e físicas. E consoante demonstram as pesquisas de Massaru, é importante lembrar que, no plano físico, os encarnados são compostos de partículas subatômicas que estruturam as cidadelas celulares e cada célula contém um volume de 70% de água que dissolve e transporta materiais e participa de inúmeras reações bioquímicas do corpo biológico.

Referências

(1) Beethoven afirmava que a música é o único acesso espiritual nas esferas superiores da inteligência.

(2) CHEVALIER, Jean, GHEERBRANT, Alain.Dicionário de símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1988.

(3) EMOTO, Massaru. “As Mensagens da Água”, SP: Editora Isis, 2004.

(4) Disponível no blog Utopia Capital do músico Edu Hessen – clique aqui 

(5) KARDEC, Allan.  Obras Póstumas, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001- “Música Espírita”.

(6) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro, Ed. FEB, 1992, perg. 251.

(7) XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar, ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB 2001, págs. 67 e 68.

(8) XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar, ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB 2001, Cap. 45.

(9) KARDEC, Allan. Obras Póstumas, Rio de Janeiro, Ed. FEB, 2001.

O consolador – Artigos

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