O que os títulos dos livros espíritas estão dizendo — e o que eles estão deixando de dizer

Autor: Felipe Gallesco

Você já parou pra pensar no poder que um título de livro tem? No universo espírita, isso fica ainda mais evidente. Uma pesquisa superinteressante de Ivan Franzolim mapeou 7.832 títulos de literatura espírita brasileira e revelou tendências que você provavelmente nunca tinha percebido — e também algumas ausências bem curiosas no cenário editorial.

O que a pesquisa investigou

O estudo não é só uma lista de palavras — ele mergulhou fundo nos dados pra entender:

  • Quais palavras aparecem mais nos títulos (tirando artigos e preposições básicas).
  • Como os títulos se encaixam em categorias temáticas, como religioso-devocional, doutrinário-filosófico, bíblico-evangélico, autoajuda espiritual, entre outros.
  • Quais temas praticamente não aparecem, especialmente aqueles ligados à crítica, ciência, filosofia comparada e estudo histórico das fontes.
  • O que essas escolhas revelam sobre os valores e prioridades do Espiritismo hoje.

Principais descobertas

Palavras que dominam os títulos

Os termos mais frequentes são carregados de emoção e fé: amor, vida, espírito, luz, Jesus, esperança, perdão. Ou seja, a literatura espírita tende a consolar e inspirar, mais do que provocar reflexão profunda.

Distribuição temática dos títulos

  • Doutrinário-filosófico: 35%
  • Religioso-devocional: 20%
  • Bíblico-evangélico: 15%
  • Autoajuda espiritual/psicológica: 12%
  • Histórico-biográfico: 8%
  • Juvenil/infanto-juvenil: 6%
  • Místico/esotérico: 4%

Mesmo que a categoria “doutrinário-filosófico” seja a maior, os temas que incentivam questionamento, diálogo com outras ideias e investigação científica ainda são raros.

O que quase não aparece nos títulos

  • Crítica construtiva ou questionamento doutrinário.
  • Referências explícitas à Revista Espírita ou autores clássicos além de Kardec.
  • Termos ligados à ciência, metodologia ou crítica de fontes — praticamente sumidos.

Ou seja: o cenário editorial espírita prioriza fé, esperança e consolo, mas deixa de lado a reflexão intelectual mais profunda.

Por que isso importa

Os achados da pesquisa são um convite pra reflexão — e podem inspirar mudanças no jeito de publicar, estudar e divulgar o Espiritismo:

Equilíbrio entre emoção e razão: o conforto e a fé são importantes, mas a reflexão crítica também precisa de espaço.

Estimular o questionamento saudável: resgatar o espírito crítico de Kardec pode atrair leitores que buscam dialogar com ciência, filosofia e cultura contemporânea.

Incentivar títulos ousados: há muito espaço pra livros que provoquem reflexão. Alguns exemplos sugeridos:

  • “O Espiritismo resiste ao método científico?”
  • “Comparações entre a Revista Espírita e a literatura atual”
  • “A Crítica Construtiva como Caminho Espírita”

Repensar a comunicação editorial: editoras, autores e casas espíritas podem usar os títulos para dialogar com públicos mais jovens e reflexivos.

Quer entender tudo nos mínimos detalhes e se surpreender com os dados completos?

Leia a pesquisa completa no blog de Ivan Franzolim:

https://franzolim.blogspot.com/2025/09/analise-dos-titulos-de-livros-espiritas.html

    AMOR NÃO É CRIME.PRECONCEITO, SIM