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Senso comum X Prática comum

Autor: Jean Lucas

O senso comum é a experiência social ao longo dos anos, e nos traz o que chamamos de sabedoria popular. Nem todo senso comum é verdadeiro, isto é, possui uma comprovação científica de que realmente algo é maléfico, benéfico, tem utilidade e etc. O que ocorre é que reiteradamente é que o senso comum não passa por um senso crítico, isto é, uma análise racional sobre os efeitos e o sentido de sua prática. Muita das vezes, o senso comum, ao invés de tornar-se uma sabedoria popular, torna-se uma crendice ou superstição popular que não trazem resultados benignos em nossa vida. Um exemplo disso é que gatos pretos trazem má sorte, ou que o número 13 é um número de mal agouro. Em países orientais, como a China por exemplo, a grande maioria dos hotéis e edifícios não possuem o andar 13, saltando do 12 direto ao 14.  Ou outros como: “Não aponte o dedo para as estrelas, pois surgirá uma verruga”. Enfim, são diversos exemplos que simplesmente com uma análise crítica podemos entender e distinguir. É a fé raciocinado como bem nos demonstrou nosso codificador.

Muito do que é senso comum já é comprovado pela ciência como o uso de chá de boldo para ajudar nos problemas de fígado, o mamão e a ameixa que regulam o intestino, entre muitos outros. Sabe-se hoje das propriedades desses alimentos que foram por muitos e muitos anos usados e testados por nossos antepassados. Todos nós sabemos a regra de ouro da saúde física: alimentação saudável, exercícios físicos regulares, se afastar dos excessos e beber bastante água. Contudo, apesar de ser senso comum, isto não é prática comum – mesmo sendo comprovado pela ciência todos os dias- principalmente, quando falamos da prática adequada de exercícios físicos.

Hoje em dia, a quantidade de informações que temos de como ter uma vida melhor não tem limites, e o melhor é que também temos fontes para analisar se isso deve ser uma prática comum em nossas vidas. O interessante é que o mesmo também se revela na Doutrina Espírita, todos sabemos a importância dos nossos pensamentos, do “Oras e Vigiai”, mas é recorrente falarmos mal das pessoas, tecermos críticas, não orarmos pelo alimento e até mesmo deixar de fazer uma simples prece de agradecimento ao levantar e ao dormir.

E como podemos fazer que esses conceitos que estão até mesmo enraizados no senso comum se torne prática comum em nossas vidas? Como podemos conquistar melhores hábitos? Melhor dizendo como superar nossa preguiça diária? Aquele dia de chuva, a Netflix é muito mais sedutora que ir para mocidade ou mesmo ler aquele livro já empoeirado que ganhamos naquele sorteio ou que compramos há dois bazares passados não é mesmo?

Não está fácil para ninguém! Eu já passei por essas situações inúmeras vezes, assim como você, mas descobri algumas ferramentas que tem me ajudado muito a superar minhas distrações. Aos poucos estou trabalhando para que os bons hábitos sejam uma prática comum em minha vida e irei compartilhar como vocês 5 coisas que você pode aplicar na sua vida hoje mesmo para te ajudar mudar um hábito de cada vez.

Identifique UM hábito que quer mudar

Por exemplo: falar mal dos outros, não fazer exercícios físicos, comer menos doces.

Escreva razões de o porque quer mudar esse hábito

“Eu quero comer menos doces porque: isso faz mal a minha saúde, estou engordando, posso ter diabetes no futuro, açúcar é extremamente inflamatório, impede que eu como outros alimentos mais saudáveis, estou viciada em açúcar, quero uma vida melhor e mais saudável, e etc.

Estude, entenda e prepare-se continuamente

Se falo mal dos outros buscar na literatura Espírita porque isso não é bom; talvez ler um provérbio; algum livro de Emmanuel ou Miramez; perguntar para algum dirigente que possa me explicar e também recomendar algum material. Analisar e entender na minha própria vida o porque que quero mudar e o ganho que terei com isso. Algumas mudanças exigem algum preparo, então certifica-se de estar tudo ok nesta nova empreitada. Buscar entendimento sobre o tema trabalhado também deve ser constante, e isso nos ajudará a pensar constantemente nos passos 1 e 2.

Praticar a mudança e ter consistência

As técnicas para praticar mudanças podem ser as mais variadas, mas faça isso de forma simples e equilibrada para estar sempre motivado. Se quero parar de comer doces que tal levar um maça na bolsa e comê-la quando surgir essa vontade, se quero parar de falar mal dos outros que tal aquele receita de encher a boca d’água e esperar alguns segundos, se não consigo orar porque durmo rapidamente que tal fazer de joelhos e depois deitar. Se você entendeu bem o passo 3 com certeza irá ser um mestre estrategista para o passo 4. Estudos recentes[1] demonstraram que são necessários ao menos 66 dias seguidos para adquirirmos um novo hábito, então seja perseverante e mantenha a disciplina que irá conseguir.

Transforme seu novo hábito em um valor na sua vida

Quando percebemos que essa pequena mudança se tornou um valor importante em nossa vida, ele deixa de ser um hábito e passa a ser algo inerente aos nossos valores, e são esses os responsáveis pelas nossas atitudes perante a vida em todos os seus momentos.

Compartilhe seu sucesso e seus resultados com as pessoas que te querem bem, perceba a si mesmo como uma pessoa mais feliz, e agradeça a Deus por te dar todos os recursos necessário a cada dia para trabalhar esses pequenos passos na sua reforma íntima. Nossos dias são miniaturas de nossas vidas e nossas práticas comuns demonstram o estado do nosso ser, cada escolha que tomamos não é sobre o que iremos fazer, mas o que sobre quem somos. A boa prática é o fruto da árvore merecimento que é regada todos os dias pelo esforço próprio.


[1] Phillippa Lally, Cornelia H. M. van Jaarsveld, Henry W. W. Potts & Jane Wardle. (2009). How are habits formed: Modelling habit formation in the real world. European Journal of social Psychology. https://doi.org/10.1002/ejsp.674

Juventude Espírita 04/04/2020

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