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Celebramos a independência do Brasil…

Autor: Joelson Pessoa

Muitos povos que já foram colonos de outras potências nutrem profundo respeito à data que evoca a conquista da liberdade do seu povo, celebrando, alegremente o aniversário da independência de suas pátrias. Quase nenhuma nação colonizada conseguiu sua liberdade sem a guerra ou as lutas armadas, com muitas mortes e o solo irrigado de sangue.

O Brasil é um desses casos raros em que a independência se deu sem uma guerra com Portugal, apesar de alguns surtos reacionários no sul e no nordeste do país.

As aulinhas de história anêmicas nos disseram algumas vezes que D. Pedro I simplesmente levantou a sua espada, deu o “grito do Ipiranga” e pronto, a nossa independência política fora conquistada. Fácil assim. Seria por essa razão que não celebramos com o coração entusiasmado a data de sete de Setembro?!

O brasileiro tem consciência do significado da independência, ou tanto faz?

O controvertido livro Brasil coração do mundo, pátria do evangelho, ditado por Humberto de campos a Chico Xavier, faz revelações sobre a missão que

Jesus teria destinado ao povo brasileiro, mas se admitirmos que existam trechos no livro que sugerem tremenda ingenuidade e fantasia, o mesmo não se dá com o conjunto integral da obra, que tem a sua mensagem central em concordância com outros espíritos, por exemplo. O espírito Emmanuel informou-nos em sua obra A Caminho da Luz, no capítulo 23, que o os brasileiros trazem uma missão:

“O Brasil, em 1822, erguia igualmente o seu brado de emancipação com Pedro I, sendo digno de notar-se o esforço do plano invisível na manutenção da sua integridade territorial; quando toda a zona sul do continente se fracionava em pequenas repúblicas, atento à missão do povo brasileiro na civilização do porvir”

A concepção de que os povos e as nações estão encarregados de desempenhar missões específicas para o progresso geral da humanidade pode ser apoiada com a instrução que Kardec recebeu dos espíritos como consta na questão 519 de O Livro dos Espíritos:

As aglomerações de indivíduos, como as sociedades, as cidades, as nações, têm os seus espíritos protetores especiais?

R: Sim, porque são individualidades coletivas que marcham com um objetivo comum e têm necessidades de uma direção superior.”

Qual seria então a missão do povo brasileiro na civilização do porvir?

Seria o espetáculo de uma seleção de futebol pentacampeã? Seria deslumbrar o mundo com as mulheres mais belas? Seria o samba? O Carnaval com suas escolas luxuriantes? A feijoada, ou o churrasco?

O espírito Cairbar Schutel respondeu para nós no livro Seara Bendita, capítulo 31:

“A missão do Brasil situa-se indiscutivelmente nas veredas da espiritualização do Ser, no entanto isso não significa afirmar que tal desiderato caiba apenas aos espíritas, mas sim, a todos aqueles que, independentemente de rótulos, saibam honrar a única instituição segura de alcançar essa meta: o amor. Cabe sim aos espíritas um nível muito mais declarado de responsabilidades para com a hora que passa”.

Entretanto, os meios de comunicação vomitam incessantemente as notícias deprimentes acerca da conduta de brasileiros ou de instituições, ora revoltando-nos em decorrência das injustiças, ora envergonhando-nos pelas dores das misérias, ora horrorizando-nos em face da violência.

Semelhantes ocorrências parecem debochar da nossa fé num país genuinamente justo, fraterno e honrado. De fato, temos muitos tijolinhos ainda para cimentar. E os graves problemas sociais dos quais todos nós participamos, não se extinguirão somente com preces e vibrações orais em nossas casas de educação espiritual. Recolhamos a exortação do espírito Deodoro da Fonseca, recebida pela psicografia de Divaldo Franco:

“No transcurso deste século, que nos unamos todos os brasileiros para reagir, mediante a consciência do dever e do trabalho, contra o crime do espoliamento, contra as injunções externas que exaurem as forças da Nação, contra as conciliações internas ignóbeis, dando cada um o seu contributo de honra e de valor, por menor que seja, mas, sempre de alta significação, pelo representar a cota do indivíduo em favor da nacionalidade inteira” (Antologia Espiritual, Capítulo 15).

Os espíritos explicaram que as ideias progressistas do espiritismo e a nova condição de fé que oferece – a fé raciocinada – secundariam o movimento de regeneração moral da humanidade na Terra. Mas por que caberia ao Espiritismo o trabalho de espiritualização do ser humano na Terra? E as igrejas? Os espíritos esclareceram isso a Kardec:

“É chegada a hora em que a Igreja deverá prestar conta do depósito que lhe foi confiado, da maneira pela qual praticou os ensinamentos do Cristo, do uso que fez de sua autoridade, enfim, do estado de incredulidade ao qual conduziu os espíritos; é chegada a hora em que ela deverá dar a César o que é de César e incorrer na responsabilidade de todos os seus atos. Deus a julgou, e a reconheceu imprópria, doravante, para a missão de progresso que a incumbe toda autoridade espiritual. Não seria senão por uma transformação absoluta que poderia viver; ela, porém se resignará a essa transformação? Não, porque então não seria mais a Igreja; para se assimilar as verdades e as descobertas da ciência, seria necessário renunciar aos dogmas que lhe servem de fundamento; para retornar à prática rigorosa dos preceitos do Evangelho, ser-lheia necessário renunciar ao poder, à dominação, trocar o fausto e a púrpura pela simplicidade e a humildade apostólicas.” (Obras Póstumas / 2ª parte – A Igreja).

Haja vista a falha da igreja perante sua responsabilidade em zelar pela educação espiritual do homem, de que modo, nós, os brasileiros instruídos no espiritismo, poderíamos nos prevenir de repetir os mesmos erros, e assegurar a nossa evolução moral?

Esta pergunta tem resposta de Kardec:

“Não será com a ajuda de algumas fórmulas, em palavras ou em ações, que a obterão, mas por uma reforma séria e radical de suas imperfeições; é se modificando, se despojando de suas más paixões, adquirindo cada dia novas qualidades; ensinando a todos, pelo exemplo, a linha de conduta que deve conduzir solidariamente todos os homens para a felicidade, pela fraternidade, pela tolerância e pelo amor.” (Obras Póstumas / Perguntas e problemas)

Embora a doutrina espírita tenha sido codificada na França, é no Brasil que a encontramos viçosa e operante, sendo mais ou menos ensinada em cerca de 10.000 centros espíritas.

O último senso (IBGE 2000) aponta cerca de 2,3 milhões de espíritas declarados no Brasil.

O que este número representa para o Brasil e para o mundo?

Os espíritos também nos proporam essa reflexão e transcrevo a seguir uma observação do espírito Ermance Dufaux:

“Nesse cenário, de 30 bilhões de seres inteligentes compondo a população geral do planeta, algumas conjecturas otimistas levam-nos a calcular um contingente de espíritas em 1%. Esses dados servem-nos para aferir o que representa ser espírita em pleno século 21, considerando alguns poucos milhões de criaturas adeptas das propostas doutrinárias, ou com alguma forma de contato com as obras elementares do espiritismo. Com esse tesouro incomensuravelmente valioso para a felicidade da terra, temos de nos perguntar:

Qual será a nossa postura como cidadãos, perante a gama de tragédias e problemas sociais que afligem os continentes materialistas? Estamos fazendo brilhar a luz e assumindo o papel de ‘sal da terra’?”(Unidos pelo Amor / 1ª parte; capítulo 7)

Até aqui já vimos que o povo brasileiro tem uma importante missão no contexto mundial, que o Espiritismo conserva o alimento espiritual do qual a humanidade tem fome, que o  Brasil é a maior nação espírita do mundo, e não podemos deixar de citar que nosso povo já é querido em toda a parte por sua afetividade e humanidade.  Ora, que nos falta fazer, enquanto brasileiros espíritas?

Minha opinião: Reformar as instituições espíritas para que as suas reuniões se afastem do igrejismo enfadonho e evoluam para núcleos de legítima educação e promoção humanas. Escolhi uma orientação recebida mediunicamente por Dora Incontri, dada pelo espírito Maria Montessori que na Terra foi reconhecida educadora:

“(…) Educar o espírito pelo amor é talvez a mais simples e justa definição de Educação Espírita. É a renúncia à violência, ao autoritarismo, à indiferença. Impregnando-se de amor e reverência pelo outro – o educador desta pedagogia é capaz de se tornar um agente da evolução alheia, proporcionando ao mesmo tempo ao seu próprio espírito a oportunidade de crescer em virtude, paciência e compreensão.” (A Educação segundo o Espiritismo / Pedagogia do Amor)

E celebremos sim a independência do Brasil em reconhecimento à confiança de Jesus às possibilidades da gente brasileira.

Fala MEU! Edição 55, ano 2007

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