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No templo da morte

Autora: Marta (espírito)

*

O templo da morte tem portas incontáveis,

Como incontáveis são as almas humanas,

E infinitos seus estados de consciência.

*

Pela porta escura do remorso,

Um dia penetrou os seus umbrais

Uma alma que regressava da Terra.

Lá dentro,

Em nome do Senhor de todos os latifúndios do Universo,

Pontificava o Anjo da Justiça.

*

“Anjo Bom! – disse-lhe a alma súplice –

Eu tenho a minhalma coberta de feridas cancerosas!

Cura-me as chagas purulentas do remorso…

Tenho os meus olhos vendados

E uma treva incomensurável na consciência!

Apaga os meus atrozes padeceres!.. .“

*

“Filha – respondeu compassivo –,

Para sanar tão estranhas feridas,

Tão amargos pesares,

Só há um recurso:

Volta à Terra!

Lá existe o Regato das Lágrimas,

Banha-te nas suas águas cristalinas;

Elas serão o teu bálsamo consolador

E curarão a tua cegueira…

Estás na escuridão absoluta

Pela ausência da luz, do bem na tua alma!

*

Mas o Anjo da Dor irá contigo;

Ele há de te guiar através das sirtes

do mar encapelado dos sofrimentos,

E te conduzirá ao lugar bendito

onde existem as lágrimas salvadoras!…”

E a pobre regressou…

Conduzida pela Dor,

Banhou-se na água lustral dos tormentos,

Submergiu-se no regato encantado,

de cuja fonte límpida promana a Salvação.

*

E depois de haver percorrido

Tão tortuosos caminhos,

Inçados de perigos

E de dores amargas,

Reconheceu o luminoso Anjo da Dor…

E nos seus braços magnânimos e compassivos,

Penetrou no templo misterioso da morte

Pela porta maravilhosa da Redenção.

Nota

A poesia acima, psicografada por Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo

Obra completa: https://www.febeditora.com.br/parnaso-de-alem-tumulo

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