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O esposo da pobreza

Autor: Júlio Diniz (espírito)

*

Francisco de Assis, um dia,

Assim que deixara a orgia

No castelo,

Entregou-se à Natureza,

A uma vida de aspereza

Num canto doce e singelo.

Abandonara a vaidade,

Buscando a paz da humildade,

A santa luz da harmonia;

E nas horas de repouso,

Francisco em estranho gozo

A voz de Jesus ouvia:

*

– “Filho meu, faze-te esposo

Da pobreza desvalida,

Emprega toda a tua vida

Na doce faina do bem.

Francisco, ouve, ninguém

Vai aos Céus sem a bondade,

Que é a grande felicidade

De todos os corações.

*

Esquece as imperfeições! …

Vai, conforta os desgraçados,

Sedentos e esfomeados,

Flagelados pela dor.

Quem alivia e consola,

Recebe também a esmola

Das luzes do meu amor!”

*

Francisco chorava e ria,

E em divinal alegria

Via os lírios e os jasmins,

Que não fiam, que não tecem,

Com roupagens que parecem

Vestidos de Serafins;

As aves que não trabalham

E no entanto se agasalham,

Nos celeiros da fartura,

Saltando de galho em galho,

Buscando a graça do orvalho,

Bênção do Céu, doce e pura.

*

Via a terra enverdecida

Exaltando a força e a vida,

A seiva misteriosa

No seio dos vegetais,

E a ânsia cariciosa

Das almas dos animais.

*

E sobretudo, inda via,

A sacrossanta harmonia

Do coração sofredor,

Que não tendo amor nem luz,

Tem tesouros de esplendor

No terno amor de Jesus.

*

Francisco de Assis, então,

Submerso o coração

Em sublimes alegrias,

Entregou-se às harmonias

Vibrantes da Natureza,

Tornou-se o amparo da dor

E guiado pelo amor

Fez-se o Esposo da Pobreza…

Nota

A poesia acima, psicografada por Francisco Cândido Xavier, faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo

Obra completa: https://www.febeditora.com.br/parnaso-de-alem-tumulo

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